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Numa das longas, ternas e luminosas tardes passadas na biblioteca da escola, que, mesmo nos dias em que o sol se esconde atrás das nuvens, nos têm acompanhado todas as semanas desde o outono, foi-nos inquirido o significado dos encontros semanais que realizamos, sempre ansiosos pela próxima vez, com vista à participação no Concurso Nacional de Leitura de 2016. Esta pergunta veio como o vento. Começou por ser uma brisa calma, o despontar de uma ideia, de uma reflexão. Até que acabou por se incrustar em nós, rebelde como um tornado, amontoando uma aglomeração de pensamentos e fazendo-nos questionar tudo o que havíamos estado a fazer nas últimas tardes de quinta-feira dos nossos dias.

A nossa assídua Comunidade de Leitores é constituída por um núcleo de amantes de livros, do seu cheiro, das folhas, das palavras, do conteúdo. Somos uma massa íntegra de seres enfeitiçados, embriagados pelo fluxo de imaginação e tentados a ir à procura de mais, a ver para além daquilo que nos é sugerido pelas bonitas páginas de fundo branco recheadas de letras impressas a preto, que se encontram diante dos nossos olhos. Não nos basta olhar, nós queremos ver com os olhos de quem deseja o infinito. A nossa Comunidade tem, como todo o ser vivo, uma essência que emana de si, podemos até ousar afirmar que, tal como uma flor, ela é dotada de uma raiz, um caule, folhas e pétalas, que florescem com o andar dos ponteiros do relógio. A raiz é o segmento, a partir do qual tudo começa, é a voz orientadora, que nos oferece, de bom grado, como uma mãe, o combustível, a alimentação, o empurrão necessário para voarmos, para florirmos, para crescermos mais um bocadinho. Tendo este ponto de partida, filtramos estes estímulos através do caule e damos vida a cada uma das folhas, a cada uma das pétalas da nossa flor, que são mais resistentes, exatamente, por nascerem da união de umas quantas almas na procura da significância de uma pergunta. É isso que nós somos, umas quantas almas que, por momentos, se esquecem daquilo que são e que as define para poderem progredir em conjunto.

 

(Mariana, aluna, Escola Secundária Leal da Câmara)

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