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Quanto tempo decorrido desde a minha primeira biblioteca!

E esta, também minha. Viva de corpo e alma. As largas janelas deixando que a luz inunde o pavimento claro, salpique as paredes de esboços de folhas – verde e madeira feitos papel. Sofás alegres que acalmam o terror de casas assombradas ou que coloram viagens a paraísos inimagináveis. Meninos com pouca apetência por silêncio, enchendo o ar de risinhos, sussurros e alegria. Gente em ponto pequeno escolhendo livros ao acaso, ao sabor das cores e dos cheiros. Gente estranhando a expressão “Esse livro não é para a tua idade!” (Há 40 anos não havia idade para os livros). Pés que voam escadas acima para testemunharem autorias de trabalhos tecidos em palavras de seda ou de linho. Livros, bálsamo de almas em sobressalto. Escritores cujas palavras bebemos como se de deuses se tratasse, ali, reais, próximos, tangíveis. Recantos fervilhando de imaginação juvenil, contrastando com as bátegas de chuva nos vidros. Ah, estas paredes forradas de estantes carregadas de livros! Todos ao alcance dos nossos dedos, ao alcance de dias de 48 horas onde caiba uma ínfima parte destas palavras!

E nós, adultos sequiosos – ainda – de tudo, deleitando-nos com as alegrias que palavras e gente nos dão!

A biblioteca da minha escola é remédio para qualquer alma!

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(Ana Paula, docente, Agrupamento de Escolas Coimbra Sul)

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