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O que pode a biblioteca escolar fazer? - Parte III


4. Seguir uma abordagem não formal e informal

Fonte: C. Rogers. (1985). Liberdade para aprender.



Hoje não se chega à verdade da forma teorética e especulativa como Descartes ou Kant o fizeram, nem se chega à virtude pela via solitária e meditativa como S. Paulo a alcançou. Antes, é preciso que haja voz, é preciso que haja pele ou, pelo menos, relação e é preciso que haja riso.


A biblioteca escolar deve seguir uma abordagem que seja significativa para as crianças e jovens, próxima das situações do seu dia-a-dia, prática, ativa, lúdica e acessível a todos.


Esta abordagem não formal - tal como a formal, pressupõe intenção e planeamento, mas mais flexível e acessível - e informal caracteriza-se pelos seguintes aspetos: A. Experiencial e holística; B. Participativa e democrática.


A. Experiencial e holística


Baseada na criação de ambientes de aprendizagem que mobilizem, em simultâneo, conhecimentos, valores e atitudes e nos quais as crianças e jovens podem:


- Perceber a verdadeira dimensão e proximidade dos problemas;

- Envolver-se na sua resolução para que possam tomar, na sua vida diária, decisões sustentadas.


Exemplos destes contextos na biblioteca são os seguintes: comunidades de leitores, role playings, círculos ou laboratórios de ideias, parlamentos de crianças ou jovens, instalações artísticas, músicas comentadas, flash mobs.


B. Participativa e democrática


O responsável da biblioteca deve criar oportunidades regulares para que as crianças e jovens:


- Se encontrem umas com as outras e estabeleçam entre si uma ligação de proximidade (de amizade, de interesses, de trabalho…) que as incite à entreajuda, à empatia e à construção e interiorização de um propósito para a vida;

- Tomem consciência e sejam porta-vozes das suas livres aspirações e dos principais problemas de âmbito local;

- Contribuam para o seu alcance e resolução refletindo, investigando, apresentando propostas, tomando decisões, argumentando, votando, negociando e estabelecendo consensos, seja sozinhas, seja em conjunto.


Deve ainda criar oportunidades para que as crianças e jovens se envolvam em diferentes círculos de poder/ conhecimento que ajudem a efetivar e deem continuidade ou sustentabilidade à sua ação. Fazem parte destes círculos:


- A biblioteca municipal, os museus, o centro de arte ou ciência - cultura e património;

- A autarquia - governo local;

- Os media - comunicação;

- As empresas - sistemas de produção e de consumo.


Quando falamos em aprendizagem não formal ou informal também queremos designar a ligação e o envolvimento significativo e efetivo destes poderes/ conhecimentos na educação das crianças e jovens que é, no século XXI e para alguns destes círculos, uma prioridade. É sob este ponto de vista que o responsável da biblioteca deve proceder a uma curadoria, não apenas dos conteúdos ou informação e dos serviços que a biblioteca disponibiliza, mas também das pessoas e instituições locais (espaços comunitários do bairro, da vila, da cidade…) que considere relevantes para a realização do seu propósito de educação e formação de um cidadão cosmopolita.

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